Jean Piaget

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Paulo Freire

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segunda-feira, 1 de junho de 2015

ATIVIDADES EXTRACLASSE COMO INOVAÇÃO PEDAGÓGICA

Por: Ailton dos Santos Arruda



1 – APRENDIZAGEM
Piaget, quando descreve a aprendizagem, tem um enfoque diferente do que normalmente se atribui a esta palavra. Nas teorias comportamentais, por exemplo, aprender seria mudar o comportamento (SKINNER, 1995). Piaget separa o processo cognitivo inteligente em duas palavras: aprendizagem e desenvolvimento.
Vygotsky tem o conceito de desenvolvimento da aprendizagem em ‘zona de desenvolvimento proximal’, que se relaciona com a diferença entre o que a criança consegue aprender sozinha e aquilo que consegue aprender com a ajuda de um adulto. A ‘zona de desenvolvimento proximal’ é, portanto, tudo o que a criança pode adquirir em termos intelectuais, quando lhe é dado o suporte educacional devido. Para Vygotsky, o que nos torna humanos é a capacidade de utilizar instrumentos simbólicos para complementar nossa atividade, que tem bases biológicas. Ele diz: “uma criança pega um cabo de vassoura e o transforma em um cavalo, ou em um fuzil, ou em uma árvore... Os chimpanzés, por mais inteligentes que sejam, podem no máximo utilizar o cabo de vassoura para derrubar bananas, por exemplo, e jamais para criar uma situação imaginária. O que nos torna humanos, segundo Vygotsky, é nossa capacidade de imaginar...” (VYGOTSKY, 1996).

2 – ESPAÇO ESCOLAR
Estudar a questão do espaço escolar é adentrar na trama ideológica do que se privilegia como sendo “a excelência educativa”, como estabelecimento de critério de normalidade e dos limites e ditames do fracasso /do fracassado escolar.
O espaço escolar é espaço de vida, de fervilhar de emoções, de materialização de ideologias, de disputa acirrada pelo poder e de expressão de um poder subliminar que determina as práticas curriculares.
A sociedade contemporânea exige que se interpenetre a cultura da escola, buscando desvelar as múltiplas relações que se tecem no cotidiano escolar, como parte de uma trama bem mais ampla de relações sociais, culturais, políticas, econômicas, religiosas, de gênero entre tantas outras mediadas pela cultura local em constante diálogo com outros mais globais.
A sala de aula é um espaço escolar onde se produz e reproduz uma cultura acadêmica.
A vida pulsa no espaço da escola, vidas se encontram e é, nesse espaço criativo, que uma nova escola emancipadora pode se fazer cultura, presente e presença na vida institucional e no cotidiano social. Isso não se faz apenas no plano da lógica e muito menos no ativismo de práticas inovadoras. O diálogo multicultural crítico precisa ter bases materiais reflexivas para que um novo jeito de se pensar e fazer escola sejam marcos culturais éticos para a construção de uma sociedade planetária, substantivada de democracia e solidariedade.

3 – ATIVIDADE EXTRACLASSE
As atividades extraclasse são meios de aprender, levam a uma reflexão intensiva sobre as estruturas, os dispositivos, os calendários, os currículos, os espaços... e a organização do trabalho. Para aprender é preciso uma situação mobilizadora, que tenha sentido e que provoque uma atividade na qual o aprendiz se envolva pessoal e duradouramente (PERRENOUD, 2004, p.55), fortalecendo a ideia de que as atividades extraclasse ajudam o aluno a aprender e o professor a ensinar.
O extraclasse é uma atividade em que há muito a ser observado no âmbito social, pois cada ação, cada postura, no grupo ou sozinho, tem uma conotação social. Há um olhar sociológico e que leva a fazer questionamentos.
Por que esse nome extraclasse? Tenho percebido, na prática, que um conceito de extraclasse leva a entender que é “extra” porque é “fora”, como uma atividade “fora da classe” e, ainda, uma atividade suplementar à aula.
Acreditamos que as atividades extraclasse se apresentam como quebra de paradigma do ensino tradicional. Paradigma este em que as aulas são realizadas em recinto fechado e com um currículo formal. No novo modelo, o professor pode explorar as atividades extraclasse dentro do espaço escolar, isto é, incluir todo o conhecimento que gira em torno do aluno, levando, em consideração, o mundo em que ele está inserido, cujo currículo é flexibilizado.
O espaço escolar está sendo a casa do aluno onde ele passa mais tempo do que em sua casa. Ele se envolve em todo tipo de atividade que a escola proporciona, sobretudo agora com a abertura das escolas aos domingos para o lazer. Esse momento, na escola, é um espaço de grande socialização e de interação com os colegas do bairro.
As aulas no Ensino Médio têm se caracterizado como rotina. Pouco se tem explorado atividades que rompam a tradicional memorização. Nesse tipo aula, sugere-se que alguns questionamentos sejam feitos pelo professor como: o que devo fazer para dar mais dinamismo às minhas aulas? Quando penso que minha exposição foi excelente e faço a pergunta: alguém não entendeu? Eles, os alunos, ficam em silêncio; mas quando são avaliados, mostram que nada aprenderam.
Espera-se que, com as atividades extraclasse, os alunos reajam contrários ao que se afirma, desmistificando a situação regular do currículo tradicional e buscando aprendizagem.
A aula-passeio, por exemplo, surgiu de uma observação simples: se, dentro da sala, os alunos viviam interessados no que acontecia do lado de fora; por que não sair com eles e se aproveitar esse interesse para a aprendizagem?
No bojo dessa discussão, as atividades extraclasse aparecem como um elemento no sentido da inovação pedagógica.

4 - TECNOLOGIA NA ESCOLA
O objetivo deste tópico é descrever os processos de modernização da sociedade, como foram introduzidos na escola através de tecnologias e algumas mudanças provocadas no ambiente escolar por essas modernizações. Entendemos que o impacto dessas mudanças reflete, de modo importante, nas atividades escolares e, em especial, nos modos como a escola planeja suas atividades.
Para a escola é premente buscar, e tem o dever de mudar o estado atual de isolamento e buscar sua conexão com aos outros espaços sociais. As inovações pedagógicas têm se apegado às novas tecnologias da informação e comunicação e estão permitindo essa conexão em tempo real, possibilitando à escola um permanente estado de vigília; não para controlar a vida dos indivíduos, mas para manter as pessoas envolvidas na comunidade escolar sempre bem informadas, além de terem suas atividades sempre atualizadas com as demandas da sociedade. Somente, assim, as necessárias discussões estarão adequadamente embasadas e contribuirão para tornar as pessoas mais capazes de uma intervenção competente na realidade.
O mundo mudou muito com o aparecimento de novos equipamentos, novas realidades. Daí, a escola sente a necessidade de aplicar as atividades extraclasse.
Na escola, multiplicaram-se os aparelhos. Isso tem levado alguma transformação na aprendizagem? Trazem inovação pedagógica ou tecnológica?
As rápidas mudanças ocorridas no nosso meio e o grande volume de informações trouxeram reflexos no ensino; exigiram, desta forma, que a escola não ficasse uma mera transmissora de conhecimentos, mas se tornasse um ambiente estimulante, que valorizasse a invenção e a descoberta, que possibilitasse à criança percorrer o conhecimento de maneira mais motivada, crítica e criativa, que proporcionasse um movimento de parceria, de trocas de experiências, de afetividade no ato de aprender e desenvolver o pensamento crítico reflexivo (PAPERT, 1994).
Através da informática educativa, a escola buscou a descoberta e a invenção, possibilitando a formação de alunos capazes de construir seu próprio conhecimento, tornando-os pesquisadores autônomos, à medida que descobrem novas áreas de seu interesse. Os alunos, já ávidos por estarem diante do computador, se forem bem direcionadas essas descobertas, logo terão resultados visíveis quanto ao conhecimento. Surgiu a ‘geração Nintendo’, que são jogos eletrônicos, baseados em microprocessadores, uma espécie de “computadores dedicados” (FINO, 2005) .
Esses conhecimentos são utilizados para que o ensino atinja o que foi proposto no planejamento didático-pedagógico e traga bem-estar. Bem-estar está associado, pela sociedade, à qualidade de vida.

5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
As atividades extraclasse são alternativas para aqueles professores que se preocupam em dar dinamismo às suas aulas e ter uma resposta que corresponda ao que se pretende como objetivo estabelecido no conteúdo do currículo formal. Ainda, criar espaço de ensino-aprendizagem, utilizando o extraclasse através do qual o aluno encontre sentido na tarefa estudada. Quer vislumbrar uma oportunidade importante na aplicação do planejamento pedagógico sem que alunos e professores a sintam como uma perda de tempo.
Constatou-se, como professor e dirigente de escola, em que se tem notado satisfação do aluno em participar delas, sabendo-se que a sala de aula formal é, muitas vezes, fria e ríspida, buscando um novo horizonte fora da sala de aula.
Dessa forma, compreendi a relação entre as atividades extraclasse no Ensino Médio e as atividades formais do currículo e de que modo estas atividades podem ser vistas como inovações pedagógicas, inerentes aos seus processos educacionais e examinando as mesmas como articuladoras entre o currículo formal e informal.
O resultado contribui como estímulo a professores e alunos e um elemento motivador a outros professores que não usam as atividades extraclasse; tudo isso em prol da melhoria na relação professor-aluno, através da motivação do processo de ensino-aprendizagem.

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